terça-feira, 28 de julho de 2009

Onda (apim (ubano!!! Tudo Junto & Misturado - A invasão pop caliente do Capim Cubano

Tudo Junto & Misturado - A invasão pop caliente do Capim Cubano



DA antropofagia cultural brasileira nunca deu trégua. Dois grandes momentos costumam ser exaltados quando se discute o tem:a a Semana de Arte Moderna de 1922 e o Tropicalismo de 1968. No entanto, essa antropofagia é praticada o tempo todo, seja com os Aviões do Forró transformando "Umbrella" da Rihanna em "Se Não Valorizar" ou com o Tchê Garotos inserindo reggae na sua Vanera. Só uma tolerância imprintada em nível genético em um povo explicaria o sucesso de uma banda como o Capim Cubano da Paraíba, que toca salsa e merengue em espanhol e conseguiu reunir mais de 100 mil pessoas na praia de Tambaú, em João Pessoa, em seu novo DVD.

Tudo começou no princípio de 2003 com o guitarrista Clodoaldo Mucarbel. Após ter tocado na banda de rock Hangar 18 e acompanhado diversos músicos do Estado, ficou um tempo parado e decidiu montar uma banda diferente, que fugisse do lugar comum. Fã de música latina e dono de uma intuição privilegiada, Clodoaldo resolveu seguir seu coração: chamou conhecidos que atuavam na cena musical de João Pessoa e tocavam diversos ritmos musicais, como rock, MPB e pagode, e começou a criar um som quente e contagiante, baseado na premissa de que somos um país latino e que poucas bandas exploram a sonoridade dos nossos vizinhos de descendência espanhola.

Inspirados em nomes como Santana, Gipsy Kings, Maná e Rick Martin, tocavam em luais nas praias da capital paraibana, até que foram apresentados a Yegor Gomez, que já tinha uma boa experiência com bandas de baile. Assim nascia o Capim Cubano, que logo começou a fazer shows na casa noturna American Icógnito. O primeiro foi modesto. Entre amigos e familiares, a platéia somava vinte pessoas, com Yegor no microfone, Clodoaldo na guitarra, Stenio alencar no baixo, Francy Moura na percussão, Lula Inácio na bateria e André Formiga nos teclados. Como cantavam em espanhol, com arranjos impecáveis e uma irresistível levada pop, muitos pensaram que se tratava de uma banda gringa e as apresentações começaram a bombar.
Em menos de três meses gravaram seu primeiro CD, que rapidamente chegou à marca das setenta mil cópias, impulsionadas pelo hit "Mentirosa". No ano seguinte gravaram seu segundo disco intitulado "Tereza Bandolera", que repetiu o êxito da estréia e ampliou ainda mais o público do grupo. Da mesma forma, os shows também começaram a fazer fama com as tradicionais coqueteleiras humanas, em que convidavam mulheres da platéia para subir ao palco e dançarem com os componentes do grupo. Yegor transfomou-se rapidamente em sex symbol, ganhou até o apelido de Rick Martin da Paraíba, do que ele se esquiva dizendo que admira muito o trabalho do ex-menudo, mas que não compartilha sua boiolice.

O ano de 2005 começou com um excelente presságio do futuro sucesso do Capim Cubano. Em sua segunda apresentação no revéillon do Hotel Beach Park de Fortaleza, foram assistidos por Renato Aragão, que passava a virada do ano no hotel com a família. Didi Mocó se encantou com a energia da banda e os convidou para participar de seu programa. A oportunidade de gravar um DVD surgiu quando foram convidados para se apresentar em uma festa particular da notória socialite local Lourdinha.

Após a gravação do show, o sucesso começou a extrapolar as fronteiras do Estado, levando a banda a se mudar para Recife e iniciar uma temporada de shows no clube Cuba do Capibaribe. Frequentado basicamente por formadores de opinião, os shows no clube tornaram-os ainda mais conhecidos na cidade e foram convidados para participar de alguns programas locais de auditório. Para cairem nas graças da rede de pirataria foi uma questão de semanas.

No Recife, os vendedores ambulantes de CDs e DVDs costumam usar carrocinhas dotadas de um pontente sistema de som, para as músicas serem ouvidas perfeitamente por qualquer um que esteja num raio de cinquenta metros do local. Com aquele som animado, extremamente dançante e diferente, logo os discos piratas começaram a subir no ranking popular fazendo do Capim Cubano o grande nome de 2005 na Veneza brasileira e tornando o Cuba do Capibaribe pequeno demais para nossos amigos merengueiros, que foram escalados para tocar na boate Jardins, para um público muito maior.

O segundo DVD já foi gravado na maior casa de espetáulos da América Latina, o Chevrolet Hall, com a presença de 15 mil pessoas, cimentando de vez um caminho de sucesso que os levou a se apresentar no Festival de Verão e logo depois naquele que ainda é o maior autenticador dos grandes êxitos junto ao público nacional, o Domingão do Faustão. Depois do Fausto, as portas se abriram definitivamente e vieram Eliana, Jô Soares, Hebe Camargo e outros.

Segundo o vocalista Yegor a banda vive atualmente o melhor momento musical na carreira. No ano passado, lançaram o disco La Fiesta com repertório profundamente autoral. Com participação de Chimbinha na faixa "Merengueiro" e da cantora Marina Elali na musica que gerou o clipe "Estoy Enamorado", trata-se de uma das maiores obras primas da musica popular brasileira moderna, aglutinando diversos ritmos latinos ao nosso jeito bem brasileiro de se fazer um som festeiro.


Yegor, o galá do Capim Cubano
A coroação da carreira veio com o mais recente DVD, citado no começo do texto e que contou com a participação do lendário paraibano Zé Ramalho, com a música "Frevo Mulher" e "Beira Mar", Marina Elali novamente, o casal Joelma e Chimbinha da Banda Calypso e também da cantora Walkyria Santos, da Banda Magníficos - que trouxe seu charme e belíssima voz na música "Perdoa Amor". Com o sugestivo título do "Onde O Sol Nasce Primeiro" - João Pessoa é a cidade mais oriental do país - o disco será enviado para outros países da America Latina. Enquanto a Sony Music investe pesadamente na carreira internacional da dupla Victor & Leo, o Capim Cubano começa com muito trabalho e humildade. Já fizeram alguns shows na Venezuela, estão com outros agendado por s lá e também estão previstas algumas apresentações no Paraguai.

O sul e sudeste ainda conhecem pouco a latinidade pop do Capim Cubano, mas essa lacuna tem tudo para ser preenchida com as novas incursões pelo sul. Semana que vem eles fazem dois shows em São Paulo; na terça-feira 28 de julho se apresentam na casa de shows Santa Aldeia, na Vila Olímpia, e quarta participam da inauguração do Bar Capital, em frente ao aeroporto Congonhas. Depois fazem mais dois shows em Curitiba; quinta no Yankee Bar e sexta na boate Woods, finalizando a turnê em Camburiú, Santa Catarina.
Quando Oswald de Andrade lançou o Manifesto Antopofágico na Semana de Arte Moderna de 1922, queria deixar bem claro que que o canibalismo cultural brasileiro praticado com culturas de outros países é semelhante ao canibalismo praticado pelo índio. O indígena não come o capturado para se alimentar, mas sim para absorver os poderes do devorado e assim adquirir seu poder, ficando mais forte. O Capim Cubano faz o mesmo com a cultura latina, devorando e assimilando ao pop nacional o que há de melhor na seção espanhola do continente. Com talento, originalidade, alegria e diversão, eles vieram para ficar. Arriba Muchachos!

Isso que e Capim Cubanooo!!!

Estraido do site: http://mtv.uol.com.br/bis/blog/tudo-junto-amp-misturado-invas%C3%A3o-pop-caliente-do-capim-cubano

Nenhum comentário:

Postar um comentário